quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ambiente Organizacional

Seminário apresentado à disciplina Organização, Método e Processo do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas da Faculdade Batista Brasileira, como requisito parcial de avaliação da disciplina, sob orientação do Prof. Rosival Sanches, por Airá Manuel Santana dos Santos, Aline Albuquerque Machado, Claudia Carla de Azevedo Rêgo, Miraildes Mendonça Dórea de Jesus.


Ambiente Organizacional
 Introdução
A velocidade do surgimento de inovações e as transformações do mundo globalizado têm deixado marcas na sociedade contemporânea perante inúmeras descontinuidades e incertezas que desencadeiam alto nível de competitividade na esfera empresarial. Consideramos o processo de mudança organizacional imerso numa dinâmica que contempla a evolução humana, sob a ótica das perspectivas do indivíduo e das organizações como um todo.
A sobrevivência das organizações em mercados competitivos requer dos administradores a capacidade de prever estados futuros do ambiente em que a empresa atua ou pretende atuar e, concomitantemente, a sensibilidade para avaliar o comportamento de múltiplas variáveis que compõem a realidade interna e externa da própria organização. Esta esfera requer uma avaliação constante dos aspectos relevantes ao ambiente externo, os quais indicam tendências de ocorrência de eventos futuros que representarão novas oportunidades ou ameaças para a organização.
O ambiente organizacional é um forte fator condicionante da mudança organizacional. Ele comporta um conjunto de elementos que dependem de coordenação co-participativa a fim de que os objetivos organizacionais sejam alcançados. O ambiente organizacional resulta de uma conjugação de interesses por parte de seus atores, incluindo-se os da organização. Perceber o observar o ambiente, identificando possíveis oportunidades e/ou ameaças, pontos fortes e fracos, concorrentes, fornecedores, clientes e produtos, levará as organizações a conhecerem as forças que as cercam, para, após análise dessas forças, poderem definir quais estratégias competitivas serão implantadas.
Segundo Chiavenato (2003), dá-se a denominação de Ambiente Organizacional a tudo que envolve a empresa e a tudo o que está além das fronteiras ou limites da organização. O ambiente é caracterizado por intensa competição, dificuldades econômicas, mudanças tecnológicas, incertezas sobre políticas governamentais e outros fatores que ameaçam o seu futuro.
Para Oliveira (1997), o ambiente empresarial se refere ao conjunto de todas as variáveis externas à empresa que, de certa forma direta ou indireta, proporcionam ou recebem influência da referida empresa. Já Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), estabelecem que o ambiente é um conjunto de forças, o elemento central no processo de geração de estratégia. Os autores vêem o ambiente como um conjunto de dimensões abstratas, como a dinâmica e a complexidade. Contextualizando,  Hamel e Prahalad (1995), cooperam afirmando que as empresas devem adaptar suas necessidades, dando importância para o processo de interação entre as organizações e o ambiente de maneira proativa.
O ambiente organizacional é composto pelo macroambiente (ambiente externo) e pelo microambiente, também denominados ambiente competitivo ou ambiente de tarefa (ambiente interno).
A análise dos ambientes interno e externo das organizações é de suma importância diante do processo de tomada de decisão, já que as informações colhidas dos componentes internos e externos do ambiente originam dados concretos e confiáveis para a elaboração dos planejamentos, metas e objetivos. Esta análise fomentará, através da identificação de seus pontos fortes, a exploração de oportunidades que o ambiente possa oferecer e, via identificação de seus pontos fracos, buscar-se-á eliminá-los, já que podem se tornar uma ameaça para a organização.
 
1. MACROAMBIENTE – AMBIENTE EXTERNO
 
É um amplo sistema que envolve as organizações, abrangendo os aspectos tecnológicos, legais, políticos, econômicos, demográficos, ecológicos e sócio-culturais. Ele interage permanentemente com a organização, que procura influenciá-lo, mas sua capacidade é relativamente limitada.
 
Fatores que compõe o macrocambiente:

1.1  Ambiente Tecnológico

O desenvolvimento que ocorre nas outras organizações provoca profundas influências nas organizações, principalmente quando se trata de tecnologia sujeita a inovações, ou seja, tecnologia dinâmica e de futuro imprevisível. As organizações precisam adaptar-se e incorporar tecnologia que provém do ambiente geral para não perderem a sua competitividade.
Exemplos: Velocidade de mudança e da informação; Informatização / Automatização; Programabilidade.

1.2  Ambiente Legal

Constitui a legislação vigente e que afeta direta ou indiretamente as organizações, auxiliando-as ou impondo-lhes restrições às suas operações. São leis de caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil, entre outras, que constituem elementos normativos para a vida das organizações.
Exemplos: Código de defesa do consumidor; Legislação fiscal e tributária; Regulamento governamental (projetos de lei em andamento).

1.3  Ambiente Político

Decisões e definições políticas tomadas em nível federal, estadual e municipal que influenciam as organizações e que orientam as próprias condições econômicas. Análise das tendências relativas às leis, códigos, instituições governamentais e correntes ideológicas que possam afetar a empresa.
Exemplos: Eleições; Políticas governamentais e códigos comerciais; Planos governamentais / setoriais.

1.4  Ambiente Econômico

Constitui a conjuntura que determina o desenvolvimento econômico, de um lado, ou a retração econômica, de outro, e que condicionam fortemente as organizações.  A inflação, a balança de pagamentos do país, a distribuição de renda interna, entre outros, constituem aspectos econômicos que não passam despercebidos pelas organizações.
Exemplos: Crescimento do PIB e da renda; Taxas de câmbio e de juros; Taxas de inflação; Níveis de consumo e poupança.

1.5  Ambiente Demográfico

Aspectos que determinam as características do mercado atual e futuro das organizações. Análise de tendências relativas às características de populações que possam ter implicações no direcionamento das atividades futuras da empresa.
Exemplos: Crescimento populacional; Taxa de natalidade e faixa etárias; Etnias / religião; Distribuição geográfica.

1.6  Ambiente Ecológico
           
Condições relacionadas com o quadro demográfico que envolve a organização. O ecossistema refere-se ao sistema de intercâmbio entre os seres vivos e seu meio ambiente; Meio ambiente físico e natural que circunda o sistema organizacional.
Exemplos: Poluição; Clima; Transportes; Comunicações.

1.7  Ambiente Cultural

A cultura de um povo penetra nas organizações por meio das expectativas de seus participantes e de seus consumidores. Análise de tendências relativas as crenças básicas, valores, normas e costumes sociais nas sociedades com as quais a empresa interage, de forma a perceber situações que possam afetar o desenvolvimento futuro da empresa.
Exemplos: Nível de educação dos trabalhadores; Mudanças nas crenças, valores e normas sociais; Ética de trabalho; Diversidade no trabalho.
 
2.  MICROAMBIENTE – AMBIENTE INTERNO
 
Também denominado Ambiente de Tarefa ou Ambiente Competitivo, corresponde a sistemas próximos à empresa e que interagem com ela de maneira forte e permanente. Abrange os fornecedores de insumos, os clientes, os concorrentes e as entidades reguladoras. O microambiente influencia permanentemente a empresa e esta também procura influenciá-lo, tendo, quase sempre, alguma capacidade para isso.

Fatores que compõe o microcambiente:

2.1  Fornecedores

Fornecedores de todos os tipos de recursos de que uma organização necessita para trabalhar: Recursos materiais (fornecedores de matérias primas, que formam o mercado de fornecedores); Recursos financeiros (fornecedores de capital que formam o mercado de capitais); Recursos humanos (fornecedores de pessoas que formam o mercado de recursos humanos). 
O poder de barganha dos fornecedores se manifesta quando: Ameaçam a subir os preços; Procuram reduzir a qualidade dos bens e serviços; Forçam maiores prazos para o fornecimento e menores prazos para pagamento.
Exemplos: Matérias-primas e insumos; Tecnologia; Equipamentos e máquinas; Operadores e Logística : transporte e armazenamento; Serviços; Agentes financeiros.

2.2  Clientes

São os consumidores das saídas das organizações. Usuários dos produtos e serviços da organização.
O poder de barganha dos compradores (clientes ou distribuidores) se manifestam quando: Forçam os preços para baixo; Lutam por uma maior qualidade dos produtos e serviços ou por mais serviços; Forçam maiores prazos para pagamento e menores prazos para fornecimento, jogando os concorrentes da indústria uns contra os outros.

2.3  Concorrentes

Cada organização não está sozinha nem existe no vácuo, mas disputa com outras organizações os mesmos recursos (entradas) e os mesmos tomadores de suas saídas. Daí os concorrentes, quanto aos recursos, e os concorrentes, quanto aos consumidores.
Produzem bens ou serviços iguais, semelhantes ou sucedâneos, visando aos mesmos consumidores ou usuários; competem pelos mesmos recursos junto aos mesmos fornecedores.
A rivalidade entre os concorrentes existentes caracteriza pela concorrência de preços, guerras de propaganda, lançamento de novos produtos e crescentes serviços e garantias ao cliente.

2.4  Entidades Reguladoras

Cada organização está sujeita a uma porção de outras organizações que procuram regular ou fiscalizar as suas atividades. É o caso dos sindicatos, associações de classe, órgãos regulamentadores do governo, órgãos protetores do consumidor, meios de comunicação de massa, associações empresariais e de classe, entre outras.
 
Conclusão
 A análise ambiental de uma organização, para ser fundamentalmente significativa, deve prever mudanças e tendências futuras. Ainda que nenhuma forma de previsão seja totalmente garantida, várias técnicas podem ser úteis para uma análise efetiva e eficiente do ambiente em que a organização faça parte. Esta análise possibilitará a uma organização vislumbrar aspectos importantes ao seu desenvolvimento, principalmente por abranger todos os aspectos envolvidos diretamente na construção da vantagem competitiva de um negócio.
Observamos, entre os autores estudados, que, numa análise ambiental, dá-se ênfase na perspectiva de estabelecimento dos pontos fortes e fracos da organização perante a concorrência e das ameaças e oportunidades impostas pelo ambiente no qual a organização está inserida.
Percebemos, também, que o estudo de cenários vem sendo, nas últimas décadas, uma ferramenta veementemente utilizada pelas grandes empresas e motivo de um grande volume de estudos. Sendo assim, acreditamos que, se operacionalizados em conjunto por organizações, o estudo de cenários organizacionais poderá se tornar, se ainda não se tornou, um importante instrumento na conduta dos negócios.
 
REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
HAMEL, Gary; PRAHALAD, Coimbatore Krishnarao. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safari de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. Porto Alegre: Bookman, 2000.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Reboliças de.  Excelência na administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1997.